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… rencontre de l’architecte Oscar Niemeyer (103 ans) avec F. Arrabal …Copacabana, Rio de Janeiro…

 

CRÔNICA DA UTOPIA REVISITADA

 

 

 

Fernando Arrabal remet l’Ordre de la Grande Gidouille à  OSCAR NIEMEYER.

Il a été nommé « Bâtisseur  d’ Utopie ».

L’architecte de Brasilia Oscar Niemeyer a été élevé, comme précédemment Picasso et Louise Bourgeois, au grade de « Commandeur Exquis » dans l’Ordre suprême du Collège de ‘Pataphysique.

Pendant la cérémonie, en présence de son épouse de 61 ans, Vera Lucia G. Niemeyer, l’architecte de 103 ans a entrenu une longue et pataphysique conversation avec le dramaturge.

Oscar Niemeyer a promis de retrouver l’écrivain lors de son prochain voyage à Paris.

Fernando Arrabal collaborera désormais à  la revue que dirige l’architecte :   NOSSO CAMINHO.

Cette « Revista de Arquitetura, Arte e Cultura » , dirigée par Oscar et Lucia Niemeyer, consacre  ses meilleures pages à la poèsie.

 

« Nunca me canso de repetir  que Niemeyer é o maior gênio que o Brasil produziu em 511 anos » : Jorge Roberto Silveira

 

 

BIENTOT :

vidéo  de la visite

texte de l’essayiste brésilien WILSON COELHO.

 

Agencias de Prensa:

 

« …El escritor Fernando Arrabal visitó días atrás al arquitecto Oscar Niemeyer en su estudio de Copacabana. Allí le entregó la Ordre de la Grande Gidoulle, del Collège de Pataphysique. Durante su conversación con el centenario arquitecto, Arrabal tuvo la oportunidad de explicarle su pasada visita a la ciudad para participar en un acto organizado por el Centro Niemeyer. Arrabal, por su parte, pudo escuchar las reflexiones de Niemeyer, que dijo que «Avilés es el sitio donde mejor han respetado mi idea»…

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de WILSON COELHO

Wilson Coêlho

03 de maio de 2011. Aeroporto Tom Jobim, mais conhecido como Galeão, no Rio de Janeiro. Fernando Arrabal e eu vínhamos de Porto Alegre, onde o dramaturgo espanhol fez uma conferência e eu, privilegiadamente, cumpri o papel de mediador. Tínhamos um encontro com o arquiteto Oscar Niemeyer e corríamos o risco de chegarmos atrasados. Durante a espera das bagagens que eram desembarcadas do avião, deslizando na esteira rolante, por diversas vezes, tentamos fazer contato por telefone com o grande mestre em seu apartamento em Copacabana. Falamos com algumas pessoas e, dentre estas vozes, julgamos que a última seria a do próprio arquiteto que nos tranqüilizou ao afirmar que não haveria problemas com o atraso e que estaria nos esperando na hora que nos fosse melhor.

Ainda no taxi, quando nos dirigíamos a Copacabana, Fernando Arrabal me perguntou:

– Em que hotel ficaremos?

Entre a perplexidade e o inseguro diante da circunstância e por não ter outra resposta, eu lhe disse:

– Não temos um hotel.

Ainda acrescentei justificando que eu não havia conseguido uma reserva em nenhum hotel por não possuir um cartão de crédito para pagar antecipadamente as diárias. Preocupado com a rigorosidade patafísica de meu amigo, achei que tinha provocado um incômodo e que eu lhe pareceria um tanto quanto desorganizado, considerando que fui eu quem tinha sido encarregado de marcar e tomar providências para este encontro. Mas para meu espanto e satisfação, ele apenas retrucou:

– Que emocionante!!!

O taxi parou na Avenida Atlântica, em frente ao número 3.940, Edifício Ypiranga. Desembarcamos e, depois de alguns minutos frente ao prédio tirando fotos, atravessamos a avenida, tomamos uma cerveja no quiosque do calçadão e nos informamos sobre a existência de hotéis nas proximidades. Caminhamos mais ou menos um quarteirão e meio e conseguimos vaga no terceiro hotel consultado. Guardamos as bagagens e fomos ao encontro.

Já na portaria, nos anunciamos e fomos convidados a subir ao apartamento de cobertura. Na porta do apartamento, tirei umas fotos de Arrabal diante de uns esboços de algumas obras de Niemeyer num painel encostado na parede. Toquei a campainha e, logo depois, a porta se abre e somos recebidos por Vera Niemeyer, a mulher do arquiteto, e dois de seus assessores. Depois de uns minutos em que olhamos o mar do alto do edifício, parecia que a verticalidade se despedaçava no horizonte sem fim onde o mar e o céu pareciam se confundir. Novamente, tiramos algumas fotos diante de alguns de seus esboços e uma escultura de Dom Quixote, até que fomos chamados a estar com o grande mestre.

Entramos e, em princípio, era como o personagem de “Apocalipse Now” diante de Marlon Brando. Apertos de mãos. Abraços e apresentações. Fernando Arrabal havia me confiado a tarefa de eternizar esse momento. Armei a câmera filmadora e deu-se o evento. Eu me sentia diante do sublime, como se fora a passagem de um cometa que acontece a cada centenas de anos ou um terremoto, sei lá. Arrabal instigava a memória de Niemeyer até que ele, aos poucos, ora em francês, ora em espanhol, se abria rompendo os limites do tempo. O passado e o futuro em Niemeyer escapavam como o mercúrio entre os dedos. Tudo era presente, ao vivo. Desde sua estada em Paris, o bairro em que morou, seu sonho comunista, seus projetos e, sem muitos detalhes, mencionou André Malraux.

Arrabal anunciou o reconhecimento e a admiração que a obra de Niemeyer significava aos franceses. E, solenemente, num simples e objetivo discurso, entregou-lhe o diploma da Ordem da Gidouille, do Collège de Pataphysique, nomeando-lhe “Batisseur d’Utopies” (Construtor de Utopias). Eu ficava dividido entre olhar através do visor da câmera e assistir a cena em aberto, sem o obstáculo das lentes, essa inenarrável panorâmica. Niemeyer mostrou-se encantado, mesmo contido em seus 103 anos de idade, quando se supõe que não existem mais novidades. Mas era visível que se contentava com esse reconhecimento ao seu trabalho. Depois, Arrabal lhe comunica do convite de Juan Carlos Valera Saiz para realizar uma edição de bibliofilia em MENÙ – Cahier de Poèsie (Caderno de Poesia). A edição com esboços de Niemeyer e poemas de Arrabal, numa caixa-livro de cristal e aço com estruturas encaixadas para recordar um livro aberto, com tiragem de 16 exemplares não comercializáveis.

Por outro lado, Niemeyer também convida Arrabal para escrever um artigo para NOSSO CAMINHO, “Revista de Arquitetura, Arte e Cultura”, dirigida por Oscar e Vera Lucia G. Niemeyer. O tema deve ser sobre guerra, coincidindo, inclusive, com o fato de que a peça “Piquenique no front”, escrita por Fernando Arrabal quando tinha 14 anos está sendo montada em diversas partes do mundo, principalmente, nas zonas de conflito como Líbia e outros países da região.

Continuando a conversa e, ainda instigado por Arrabal, Niemeyer fala do Brasil, seu apoio ao ex-presidente Lula e da atual presidenta Dilma, declarando ter percebido a especial atenção desses governos para com o povo. A partir daí confessa uma espécie de frustração em relação ao destino de suas obras, declarando que sempre teve a intenção de fazer uma obra popular, mas que – desgraçadamente – o povo sempre teve pouco acesso a estas, ficando restritas aos grandes capitalistas e aos governantes. Depois, confirmando outra vez o mérito pelo recebimento do diploma de “Construtor de Utopias”, declara que em sua obra nunca teve a  pretensão de ser utilitarista, pois tudo o que fez foi tentar aproximar a arquitetura da arte e da cultura. Ainda, analisando a relação entre sua idéia colocada no papel e a realização sempre tiveram uma certa distância. Mas afirma seu contentamento com a realização de sua obra no Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, da cidade espanhola de Avilés, colocando-a no plano da mais eficiente como possibilidade da aproximação entre a idéia e sua concretização. Coincidentemente, foi justamente esta obra que também encantou Arrabal e que deu origem ao desejo de que este encontro acontecesse. Sinceramente, depois disso, desisti do simples papel de testemunha e resolvi me integrar à cena. Desliguei a câmera e me sentei entre os dois grandes mestres. Entreguei “Maomé vai a Montaigne” autografado para Niemeyer e, em seguida, a revista Zênith com uma entrevista dele, publicada na Serra, onde também será realizado um de seus projetos.

Por fim, também convidado por Arrabal, terminamos nosso encontro revivendo antigos momentos, de mãos dadas e erguidas, cantando trechos da Internacional Socialista. Estavam ali três gerações eliminando as diferenças e o tempo e… afirmando que o sonho não acabou.