Dans une pièce-performance conçue et mise en scène par Elisa Ohtake, des comédiens de São Paulo étudient la vitalité de manière radicale en faisant leurs adieux au théâtre.
Dans Let’s just kiss and say goodbye, je provoque cinq comédiens de poids, qui ont tous une trajectoire très singulière à São Paulo (Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarães, Luciana Schwinden et Rodrigo Bolzan). Je leur fais une proposition radicale : jouer comme s’il s’agissait pour chacun d’eux de leur dernière pièce, des adieux fake et fatals au théâtre, un dispositif stratégique qui doit être poussé jusqu’à ses ultimes conséquences pour qu’explose la vitalité de manière radicale, dans la proximité de la douleur, de la mort, du risque et de la fête. La situation d’adieux traverse toute la pièce et, à un moment donné, les comédiens passent par des personnages fondamentaux de l’histoire du théâtre, et à la fin de la pièce une espèce de panorama de l’être humain placé dans des conditions radicalement vitales, dans la proximité de la douleur, de la mort, du risque et de la fête, aura été construit. Ce sont des personnages limite placées dans des conditions limite qui les obligent à chercher des manières vitales d’être sur la scène en permanence. Let’s just kiss and say goodbye évoque l’histoire du théâtre et exploite la présence des comédiens à leur plus grande puissance, au moyen de leur intense exposition et de la plasticité des matériaux scéniques qui se transforment en corps et en décor. C’est, tout à la fois, une explosion de plasticité et de jeu scénique. Voir ces grands comédiens jouer comme s’il s’agissait de leur dernière pièce représente une expérience unique, et l’irrévérence de la dramaturgie ponctue la pièce.
J’ai créé une situation limite, absurde, triste, impudique, et que chaque comédien doit résoudre à sa manière : la fin. Non seulement ils s’efforcent au maximum de jouer comme s’il s’agissait de leur dernière pièce, mais ils se voient également obligés d’exposer leurs fragilités pour prendre en compte la proposition, de plaisanter et souvent d’agir d’une manière étrange pour eux-mêmes. C’est une lutte en temps réel entre l’ironie et le geste vrai, entre le bluff et la volonté totale. Les comédiens font l’expérience de la démesure en eux-mêmes, quittent et retrouvent le ton. C’est un défi général. Je veux provoquer ces comédiens que j’admire, les déstabiliser, presque les contraindre, les placer dans une situation de vie ou de mort pour tirer toute la puissance de leur présence et, en même temps, pour présenter un panorama radical de l’être humain en évoquant l’histoire du théâtre, dans la proximité de la douleur, de la mort, du risque et de la fête.
Et Let’s just kiss and say goodbye est une pièce qui tient à s’auto-problématiser : comment parler de la vitalité de manière radicale quand le capitalisme nous capture justement par le culte des émotions totales, par l’intense exploitation des sensations sensationnelles, par le frisson, par la fraîcheur ? Comment étudier la vitalité, dans le corps, quand sur le marché l’incessante production d’excitation devient de plus en plus une condition d’être au monde, un modèle de comportement, un étalon d’action et de perception ? Comment étudier la vitalité de manière radicale, dans la proximité de la douleur, du risque, du désir et de la fête ? Nous allons insister et nous verrons ce qui se passe. Même s’il nous faudra tout mélanger. Même s’il nous faudra hésiter, désespérés, entre la vitalité, au sens fort du terme, et la simple mise en spectacle des émotions.
Fiche technique
Conception, mise en scène, dramaturgie générale : Elisa Ohtake
Comédiens : Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarães, Luciana Schwinden, Rodrigo Bolzan
Lumières, décor: Elisa Ohtake
Production : Stella Marini / Púrpura Produções Artísticas
Durée : 100 minutes
Âge : 12 ans
Traduit du portugais par Antoine Chareyre
Em peça performática concebida e dirigida por Elisa Ohtake, atores de São Paulo estudam a vitalidade radicalmente ao se despedirem do teatro
Em Let’s Just Kiss And Say Goodbye, eu provoco cinco atores paulistas de peso, cada qual com um trajetória muito singular em São Paulo (Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarães, Luciana Schwinden e Rodrigo Bolzan). Faço uma proposta radical ao atores: atuar como se essa fosse a última peça de cada um deles, uma despedida fake e fatal do teatro, um dispositivo estratégico que deve ser levado às últimas consequências para a vitalidade explodir radicalmente, na vizinhança com a dor, a morte, o risco, a festa. A situação de despedida permeia toda a peça e, à certa altura, os atores passam por personagens fundamentais da história do teatro e no final da peça uma espécie de panorama do ser humano em condições radicalmente vitais, na vizinhança com a dor, a morte, o risco, a festa, terá sido construído. São personagens limite em situacões limite que os obrigam a buscar maneiras vitais de estar no palco incessantemente. Let’s Just Kiss And Say Goodbye evoca a história do teatro e explora a presença dos atores em sua máxima potência por meio da intensa exposição dos mesmos e da plasticidade dos materiais cênicos que se transformam em corpo e cenário. É, a um só tempo, uma explosão de plasticidade e de atuação. Ver esses grandes atores atuando como se fosse a última peça é uma experiência única e a irreverência da dramaturgia pontua a peça.
Criei uma situação limite, absurda, triste, cara de pau, e que cada ator precisa resolver à sua maneira: o fim. Além de se esforçarem ao máximo para atuar como se fosse a última peça, eles se vêem obrigados a expor suas fragilidades para dar conta da proposta, a brincar e muitas vezes a agir de maneira estranha pra eles mesmos. É uma luta em tempo real entre a ironia e o fazer para valer, entre o blefe a vontade total. Os atores experimentam a desmedida neles mesmos, saem e entram do tom. É um desafio geral. Quero provocar esses atores que admiro, desestabilizá-los, quase constrangê-los, colocá-los em uma situação de vida ou morte para extrair a potência da presença deles e, ao mesmo tempo, para apresentar um panorama radical do ser humano ao evocar a história do teatro, na vizinhança com a dor, a morte, o risco, a festa.
E Let’s Just Kiss And Say Goodbye faz questão de se auto problematizar: como discutir a vitalidade radicalmente se o capitalismo justamente captura pelo culto das emoções totais, pela exploração intensa das sensações sensacionais, pelo tremor, pelo frescor? Como estudar no corpo a vitalidade se a produção mercadológica incessante de excitação se torna cada vez mais condição de estar no mundo, padrão de comportamento, medida de ação e percepção? Como estudar a vitalidade radicalmente, na vizinhança com a dor, o risco, a libido, a festa? Nós vamos forçar a barra e ver o que acontece. Nem que tenhamos que misturar tudo. Nem que tenhamos que oscilar, desesperados, entre a vida, no sentido forte da palavra, e a mera espetacularização das emoções.
Ficha técnica
concepção, direção, dramaturgia geral: Elisa Ohtake
atores criadores: Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarães, Luciana Schwinden, Rodrigo Bolzan
iluminação, cenário: Elisa Ohtake
produção: Stella Marini/ Púrpura Produções Artísticas
duração: 100 minutos
faixa etária: 12 anos