Les catastrophes artistiques, celles-là, oui !

Avec ironie, nous nous mettons dans une situation d’échec assumé, d’erreur, de dévalorisation. Ce qui nous intéresse c’est le « ne pas savoir » sur scène, la catastrophe artistique, la situation d’exil d’un corps qui se propose de danser, d’agir, et non un corps supposément préparé et qui fait des choses spectaculaires. Ce qui nous intéresse c’est ce corps qui inaugure en lui une certaine impuissance, une certaine faiblesse, une imposture qui est elle-même puissance ironique, vision du monde, état de l’être. Il n’est pas rare que les artistes aient peur d’accepter leurs propres limites, mais, en fonction du regard qu’on leur porte, ces limites peuvent être plus intéressantes que ce qui est considéré comme « présentable ».

« Parler au nom d’une incompétence absolue », comme disait Deleuze. Parler au nom d’une incompétence absolue, ici, pour déséquilibrer un minimum le jeu du donné, de la stabilité formatée, des stéréotypes artistiques. Ouvrir des brèches pour que des contours possibles ou impossibles, vrais ou faux, optimistes ou pessimistes, puissent s’offrir, momentanément peut-être, aux expérimentations, aux libertés artistiques, à la question de Spinoza : « Que peut un corps ? »

Falso espetáculo est, oserai-je dire, une fête de l’incertitude, un exercice conceptuel qui tente de déstabiliser les frontières entre les concepts, une issue de secours que la Cia. Vazia [Compagnie du vide] a trouvée pour faire face à un monde catastrophique et apathique dirigé par une fausse superpuissance exportatrice de concepts saturés de sens, polarisés, stéréotypés – une fausse superpuissance qui ne laisse pas de place aux ambiguïtés, à l’incertain, aux transformations impensables, à la complexité. Une question apparaît alors : que peut un corps en un temps catastrophique comme celui-là ? Nous avons inventé des réponses peut-être peu convaincantes : des catastrophes artistiques ? la joie du doute ? le pressentiment de l’immensité du monde ????????????????????????????????????????????????

Mais pour une œuvre ouverte ce n’est là qu’une carte parmi tant d’autres cartes. J’ai entendu des gens dire que ce travail est une réflexion sur le faux, ou bien simplement sur l’air de la nuit. J’ai aussi entendu quelqu’un dire qu’en un pays de confusion, où les frontières de la conduite sont déjà tellement gommées, Falso espetáculo propose peut-être de gommer d’autres types de frontières, plus subtiles, plus existentielles peut-être, celles qui rendent possible une modification du regard. Eh bien, les réflexions sont les bienvenues.

Traduction du portugais (Brésil) par Antoine Chareyre

Falso espetáculo

Las catástrofes artísticas, essas sim!

Com ironia, nos colocamos em situação de falha assumida, de erro, de desvalia. Interessa-nos o “não saber” em cena, a catástrofe artística, a situação de desterro de um corpo que se propõe dançar, atuar, e não um corpo supostamente pronto que faz coisas espetaculares. Interessa-nos aquele corpo que inaugura em si uma certa impotência, uma certa fraqueza, uma impostura que é ela mesma potência irônica, visão de mundo, estado de ser. Não raro os artistas têm pavor de aceitar os próprios limites, mas, dependendo do olhar, esses limites podem ser mais interessantes do que o considerado “apresentável”.
“Falar em nome de uma incompetência absoluta”, como disse Gilles Deleuze. Falar em nome de uma incompetência absoluta, aqui, para minimamente desequilibrar o jugo do dado, da estabilidade formatada, dos estereótipos artísticos. Criar brechas para que contornos possíveis ou impossíveis, verdadeiros ou falsos, otimistas ou pessimistas, quiçá momentaneamente, possam se abrir a experimentações, a liberdades artísticas, à pergunta de Espinosa: “o que pode um corpo?”.

Falso Espetáculo é, arrisco dizer, uma festa à incerteza, um exercício conceitual que tenta desestabilizar as fronteiras entre conceitos, uma saída que a Cia. Vazia encontrou para lidar com um mundo catastrófico e apático liderado por uma falsa superpotência exportadora de conceitos saturados de sentido, polarizados, estereotipados – uma falsa superpotência que não cede espaço às ambigüidades, ao incerto, às transformações impensáveis, à complexidade. Surge então a pergunta: o que pode um corpo em tempos catastróficos como esse? Inventamos respostas talvez não muito convincentes: catástrofes artísticas? A alegria da dúvida? Presentir a imensidão do mundo ????????????????????????????????????????????????????

Mas para uma obra aberta este é apenas um mapa dentre tantos outros mapas. Já ouvi pessoas dizerem que este trabalho é uma reflexão acerca do falso, ou então que é simplesmente sobre o ar da noite. Também já ouvi de outra pessoa que no país da confusão, onde as fronteiras de conduta já estão tão borradas, talvez Falso Espetáculo proponha borrar outros tipos de fronteiras, mais sutis, mais existenciais talvez, aquelas que possibilitam alguma mudança do olhar. Ora, que venham as reflexões.

falso-espetaculo-2
Scène de "Falso Espetáculo"
falso-espetaculo-4
Scène de "Falso Espetáculo"
falso-espetaculo-5
Scène de "Falso Espetáculo"
falso-espetaculo-3
Scène de "Falso Espetáculo"
falso-espetaculo
Scène de "Falso Espetáculo"